Uma nova banda de rock psicodélico vem chamando a atenção nas plataformas de streaming — não apenas pela música, mas pelo mistério que a cerca. Em menos de um mês, a The Velvet Sundown lançou dois álbuns completos e já acumula mais de 550 mil ouvintes mensais. O primeiro disco, Floating on Echoes, chegou no dia 5 de junho. Quinze dias depois, veio o segundo: Dust and Silence. E o terceiro já está a caminho, com lançamento previsto para 14 de julho.
A velocidade e consistência das produções impressionam — cada álbum traz 13 faixas — mas o que mais chama a atenção do público e especialistas é uma suspeita crescente: tudo pode ter sido feito por inteligência artificial (IA).
Apesar da sonoridade envolvente, que mistura elementos do rock psicodélico dos anos 70 com folk e indie pop moderno, não há qualquer aparição pública dos integrantes. Os supostos membros da banda — o vocalista Gabe Farrow, o guitarrista Lennie West, o tecladista Milo Rains e o percussionista Orion "Rio" Del Mar — jamais foram vistos em vídeos, entrevistas ou apresentações ao vivo. As poucas imagens divulgadas nas redes sociais, inclusive, foram rapidamente identificadas como geradas por IA, com poses e expressões típicas de criações artificiais.
A plataforma Deezer, que conta com uma ferramenta de detecção de conteúdo feito com inteligência artificial, já exibe um alerta nas faixas da banda: “Conteúdo gerado por IA. Algumas faixas neste álbum podem ter sido criadas usando inteligência artificial.” O Spotify, por sua vez, mantém a banda ativa com uma descrição que destaca a fusão de estilos retrô e modernos, lembrando artistas como Neil Young, The Beatles e The Cure.
A existência da Velvet Sundown vem alimentando o debate sobre o papel da inteligência artificial na criação artística. Essa discussão já havia ganhado força no início do ano, quando imagens geradas por IA imitando o estilo do Studio Ghibli viralizaram nas redes. Agora, ela se aprofunda com a possibilidade de músicas inteiras — voz, instrumentos e produção — terem sido geradas por algoritmos.
Um perfil no Instagram, criado em junho (mas sem ligação oficial com a banda nos streamings), compartilha imagens dos supostos integrantes. Todas elas, sem exceção, são visivelmente criadas por IA. A plataforma ainda não oferece nenhum tipo de selo para indicar esse tipo de manipulação.
Nos comentários, a reação do público é dividida. Enquanto alguns ironizam a situação ou acusam a banda de ser uma fraude, outros levantam reflexões mais profundas. Um internauta italiano escreveu: “Estamos passando de uma ideia romântica de arte – feita de suor, erros, biografias complexas e carreiras construídas com dificuldade – para um modelo que visa a satisfação instantânea, onde um algoritmo pode prever, construir e entregar exatamente o que queremos ouvir.” Outro foi direto: “Música sem alma.”
Real ou não, a banda Velvet Sundown já é um dos casos mais curiosos da interseção entre tecnologia e arte em 2025. Resta saber se estamos diante de um projeto inovador ou de um sintoma de um futuro onde a criatividade humana pode ser substituída — ou simulada — por linhas de código.
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