O Brasil perdeu neste sábado uma de suas maiores referências no humor gráfico. Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, imortalizado pelo pseudônimo Jaguar, faleceu aos 93 anos, no Rio de Janeiro. O cartunista estava internado no hospital Copa D’Or, em Copacabana, em decorrência de uma pneumonia.
Um traço que marcou gerações
Nascido em 29 de fevereiro de 1932, Jaguar iniciou sua trajetória profissional em 1952, quando passou a desenhar para a revista Manchete. Desde cedo, demonstrou não apenas talento artístico, mas também um olhar crítico sobre a sociedade brasileira — algo que se tornaria a essência de sua obra.
O Pasquim: irreverência e resistência
A consagração veio em 1969, quando fundou, ao lado de Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil, Paulo Francis e outros nomes, o jornal O Pasquim. Mais do que uma publicação de humor, O Pasquim se tornou um espaço de resistência cultural contra a ditadura militar. Com ironia, sarcasmo e traços irreverentes, Jaguar e seus colegas conseguiram desafiar a censura e oferecer ao público uma forma única de contestação política.
Além do Pasquim
Embora O Pasquim seja sua maior marca, Jaguar deixou contribuições em diversas outras publicações, como a Revista Civilização Brasileira, Revista da Semana, Pif-Paf, Última Hora e Tribuna da Imprensa. Sempre fiel ao estilo ácido, sua obra misturava humor, crítica social e sensibilidade artística.
Obras publicadas
Entre seus livros, destacam-se Átila, Você é Bárbaro e Ipanema, se não me falha a memória, que revelam o espírito debochado e reflexivo do artista, capaz de transformar acontecimentos do cotidiano em observações mordazes sobre a vida brasileira.
O legado de Jaguar
Jaguar foi mais do que um cartunista: foi cronista visual do Brasil, observador atento de seus absurdos e contradições. Sua arte ajudou a construir a memória de um período sombrio do país e mostrou que o humor, mesmo diante da repressão, pode ser uma poderosa forma de resistência.
Sua partida deixa uma lacuna no jornalismo, nas artes gráficas e na cultura nacional. Mas seu traço — ao mesmo tempo divertido, provocador e imortal — continuará vivo na memória de gerações que aprenderam a rir e a refletir com ele.
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